Sempre quando alguém me pergunta em quem eu me inspiro, com relação ao estilo de me vestir, eu fico sem resposta. Penso, milhares de imagens vêm a minha cabeça e eu olho com a pessoa com uma expressão que eu costumo chamar de "cara de nuvem", cara de nada.
Acredito que nenhuma fashionista que se preze gostaria de sair por aí parecendo que assaltou o closet da Alexa Chung. Aliás, eu tenho uma birrinha com as chamadas "It Girls" porque, sinceramente, eu não sei qual o critério que (quem?) usam pra dizer que a pessoa pode ditar tendências (afinal, essas It mocinhas só ditam alguma coisa quando são promovidas a essa categoria, né?).
Por outro lado, é fato que originalidade já é coisa rara, principalmente no mundo da moda. As criações passam a ser versões de tudo o que já foi criado e os estilos, por mais vanguardistas que sejam, são sempre uma "cópia da cópia da cópia" (qualquer semelhança com um diálogo de um filme brilhante não é mera coinciência).
O que faz então algo ser original? Digo que é o processo de criação. Se você pega uma referência pronta, mastigada e digerida por uma ditadorazinha de tendências isso só mostra quão pequena é a sua capacidade de criar, inovar, transgredir - e criar - conceitos. É fácil entrar numa loja e comprar exatamente o que o manequim tá vestindo, assim como é simples se dar bem copiando o look do editorial da Gloss (nada contra a revista).
Você deve estar se perguntando, mas não é exatamente isso que as grandes marcas, das principais semanas de moda do mundo, fazem? Ditam tendências e elaboram as regras para a temporada? Não é bem assim. Meses de pesquisas são necessários para a idealização de um desfile, que será conceitual e, de alguma forma mostrará ao consumidor aquilo que inconscientemente ele quer usar (desculpa, Freud está consumindo minha massa cinzenta). O que os estilistas fazem é apresentar um conceito, que geralmente é amplo e bem desenvolvido em peças unitárias, que garantem a expressão do tema em si mesmas.
Confuso? É fácil de perceber que não dá pra usar certos looks apresentados em desfiles, certo? Isso porque a encenação do conceito proposto é hiperbólica, extravagante, o que resulta em maior absorção da proposta por parte dos espectadores. A tendência surge justamente da repetição de aspectos de uma temática desenvolvida e, se ela não for cansativa demais, será o primeiro passo para a composição do estilo (mas não o único).
Eu nunca acreditei em "menos é mais". Quando mais minimalista for a proposta, menos ela me encanta. Isso porque me acostumei a gostar do diferente, não-rotineiro, que foi exatamente o que me encantou quando eu comecei a me interessar por moda. Eu gosto da mistura, do contraste. Vou do barroco ao moderno passando pelo ultra-romântico sem perder a identidade. Identidade. Tudo se cria. Mas nada se cria do nada.
Muito, muito bom!!!!!
ResponderExcluirVocês se superam a cada dia
bjssss