quinta-feira, 19 de maio de 2011

Tudo se cria, tudo se copia...

Sempre quando alguém me pergunta em quem eu me inspiro, com relação ao estilo de me vestir, eu fico sem resposta. Penso, milhares de imagens vêm a minha cabeça e eu olho com a pessoa com uma expressão que eu costumo chamar de "cara de nuvem", cara de nada.

Acredito que nenhuma fashionista que se preze gostaria de sair por aí parecendo que assaltou o closet da Alexa Chung. Aliás, eu tenho uma birrinha com as chamadas "It Girls" porque, sinceramente, eu não sei qual o critério que (quem?) usam pra dizer que a pessoa pode ditar tendências (afinal, essas It mocinhas só ditam alguma coisa quando são promovidas a essa categoria, né?).

Por outro lado, é fato que originalidade já é coisa rara, principalmente no mundo da moda. As criações passam a ser versões de tudo o que já foi criado e os estilos, por mais vanguardistas que sejam, são sempre uma "cópia da cópia da cópia" (qualquer semelhança com um diálogo de um filme brilhante não é mera coinciência).

O que faz então algo ser original? Digo que é o processo de criação. Se você pega uma referência pronta, mastigada e digerida por uma ditadorazinha de tendências isso só mostra quão pequena é a sua capacidade de criar, inovar, transgredir - e criar - conceitos. É fácil entrar numa loja e comprar exatamente o que o manequim tá vestindo, assim como é simples se dar bem copiando o look do editorial da Gloss (nada contra a revista).

Você deve estar se perguntando, mas não é exatamente isso que as grandes marcas, das principais semanas de moda do mundo, fazem? Ditam tendências e elaboram as regras para a temporada? Não é bem assim. Meses de pesquisas são necessários para a idealização de um desfile, que será conceitual e, de alguma forma mostrará ao consumidor aquilo que inconscientemente ele quer usar (desculpa, Freud está consumindo minha massa cinzenta). O que os estilistas fazem é apresentar um conceito, que geralmente é amplo e bem desenvolvido em peças unitárias, que garantem a expressão do tema em si mesmas.

Confuso? É fácil de perceber que não dá pra usar certos looks apresentados em desfiles, certo? Isso porque a encenação do conceito proposto é hiperbólica, extravagante, o que resulta em maior absorção da proposta por parte dos espectadores. A tendência surge justamente da repetição de aspectos de uma temática desenvolvida e, se ela não for cansativa demais, será o primeiro passo para a composição do estilo (mas não o único).

Eu nunca acreditei em "menos é mais". Quando mais minimalista for a proposta, menos ela me encanta. Isso porque me acostumei a gostar do diferente, não-rotineiro, que foi exatamente o que me encantou quando eu comecei a me interessar por moda. Eu gosto da mistura, do contraste. Vou do barroco ao moderno passando pelo ultra-romântico sem perder a identidade. Identidade. Tudo se cria. Mas nada se cria do nada.

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